~Talento Pirata~

Escrever-me naquele concurso havia sido um erro, como alguém com pífias habilidades poderiam impressionar uma multidão como aquela escondida atrás das cortinas ? Minhas pernas estavam bambas e não conseguia respirar corretamente, o nervosismo era realmente incomodo. Acabei preparando uma apresentação chula em relação aos meus oponentes, não tinha nenhum talento notável além de atirar. Uma garota acertando alguns alvos não seria o suficiente para impressionar os jurados que acabaram de assistir primorosas apresentações, deveria fazer algo imensamente maior para tomar-lhes sua atenção e fica gravada em suas memórias. As cortinas subiam aos poucos dando me uma melhor visão da imensa platéia que comparecera ao ao evento. Fiquei imóvel por alguns instantes, era fácil encantar um pequeno grupo de pessoas com minhas habilidades artísticas, mas aquilo era de um nível completamente diferente. Olhei para os lados procurando alguém para me apoiar, mas não encontrei, então era para isso que serviam os amigos ? Caminhei até o centro do palco, um doloroso silêncio pairava sobre o ar até que comecei balbuciar algumas palavras.

- E-era uma vez um sonho ... - Suspirei, agora que tinha começado cessar era impossível - O sonho como todos nós temendo seu fim pensava incessantemente: " Eu não quero desaparecer ... " - Minha voz era estranhamente suave naquele momento, as palavras saiam com facilidade. - " Como faço para as pessoas continuarem a me sonhar ? " Murmurou. Depois de muito pensar concluiu: " Eu irei traze-las até aqui ... " - Coloquei a máscara que trazia um belo sorriso macabro sobre o meu rosto - " Elas irão fazer o meu mundo ! "

Que comece o show ! :

As luzes se apagaram e uma estranha melodia teve incio. Tive pouco tempo para ajeitar-me para o segundo ato em meio a escuridão, talvez apelar para algo mais teatral não havia sido uma boa ideia, mas naquele instante era a única coisa que havia pensado para no fim acabar tendo alguma chance na competição. Se eu tivesse uma akuma no mi seria tão mais fácil, bastaria apresentar meus poderes sobrenaturais para o público como o candidato anterior havia feito.

Não demorou muito para que as luzes iluminassem novamente o recinto, anteriormente não passavam de lampadas comuns, mas agora traziam um tom avermelhado ao cenário. Em uma de minhas mãos encontrava-se uma longa espada, que apesar de não ter uma vasta experiencia com elas não apresentava dificuldades para carrega-la, e na outra escondia uma pequena carta: Era da dama de espadas.

- A primeira Alice era uma dama de espadas. - Mostrei a carta para o publico e em seguida a arremessei em sua direção - Segurando uma espada ela cortava todos em seu caminho. - Deferi golpes contra os bonecos especialmente posicionados pelo cenário para a minha destruição em massa. Assim que os cortava eles expeliam um liquido avermelhado, uma tentativa falha de parecer sangue. Assim que todos os bonecos foram exterminados um caminho sangrento havia sido formado e então murmurei para o público confuso. - Ela era acompanhada por um rastro vermelho. - Apesar de apresentarem um pouco de dificuldade para acompanhar a história seus olhos estavam completamente focados em minha apresentação, os efeitos especiais eram realmente chamativos. - Um dia aquela Alice se aventurou demais pelos bosques e foi presa como uma criminosa. - Uma espécie de gaiola emergiu do chão me deixando presa, mas continuei com o mesmo sorriso de quando assassinei os bonecos estampados no rosto- Se não fosse o rastro vermelho que deixou, ninguém pensaria que ela sequer existiu. - As luzes se apagaram.


Poucos segundos depois o palco foi novamente iluminado, trazia agora um tom azulado, um pouco mais escuro do que a coloração dos meus cabelos. -A segunda Alice era um valete de ouros - Joguei a carta novamente contra a multidão. - Ela cantou para o mundo no país das maravilhas - Minha voz tornou-se muito mais melodiosa do que anteriormente. - Encheu regiões com falsas notas. - Explodiu-se uma de minhas bombas caseiras, aquela havia sido especialmente modificada para tirar uma tinta azulada em todas as direções. - Era um louco mundo azul ! - Esbravejei confiante - Mas aquela Alice era frágil demais - Levei uma de minhas pistolas a minha cabeça e atirei, o sangue falso acrescentou mais veracidade a cena. Logicamente, não era real, aquelas pessoas não eram suficientemente dignas para assistir o meu suicídio - Ela foi baleada e morta por um homem louco. - Permaneci caída sobre uma poça do convincente liquido e continuei. - O que era tão amado agora foi esquecido.

A escuridão reinou novamente até que foi substituído por uma iluminação esverdeada. - A terceira Alice era um ás de paus - Joguei a carta para cima como de costume - Ela era muito amada no país das maravilhas e enfeitiçou as pessoas com cada gesto e frase. - Uma de minhas armas de fogo ocupou minhas delicadas mãos e atirei contra um alvo posicionado logo acima de mim. Acertei em cheio, para o deleite da multidão, e uma chuva de confetes brilhantes e esverdeados caiu sobre o recinto já sujo de outras diversas cores. - Ela criou um estranho mundo verde. - Inesperadamente caí de joelhos fazendo com que todos se calassem e dessem novamente atenção a minha interpretação. - Mas infelizmente ela foi possuída por um sonho distorcido. Ela tinha medo de perder para a morte, queria para sempre mandar em seu mundo.

Caminhei até o fim do palco onde situava-se um enorme trono, em um de seus braços localizava-se uma pequena coroa. A tomei em meus braços e a coloquei sobre os meus cabelos azulados. As luzes se acenderam novamente contemplando a minha auto coroação sobre aquele colorido mundo. A mensagem era clara: os meus oponentes mesmo que amados em suas apresentação seriam esquecidos, deixando espaço para que eu "governasse" o concurso de talentos. As cortinas se fecharam-se lentamente dando fim a minha apresentação.

Desculpem a demora: